Lembra-se do peneireiro-vulgar (Falco tinnunculus) que ingressou no início de Novembro por cativeiro ilegal? Pode rever a publicação AQUI!
Esta ave chegou
ao RIAS com uma fratura na pata direita, tendo sido necessária cirurgia, e com as penas primárias das duas asas cortadas, o que a impedia de voar.
ao RIAS com uma fratura na pata direita, tendo sido necessária cirurgia, e com as penas primárias das duas asas cortadas, o que a impedia de voar.
Esquerda – peneireiro-vulgar em questão, com destaque para as penas cortadas; Direita – outro espécime de peneireiro-vulgar no momento da sua devolução à Natureza |
Ao contrário de outras estruturas compostas por queratina (garras, unhas, cabelo), as penas não têm um crescimento contínuo. Uma vez danificadas, não conseguem reparar-se, e é preciso esperar até ao crescimento de novas penas. No entanto, isto só acontece após a queda da anterior, o que significa que iria demorar vários meses ou mesmo anos até este peneireiro renovar todas as penas que lhe foram cortadas.
Para evitar manter a ave em recuperação demasiado tempo, foi realizada uma intervenção denominada Imping. Esta técnica centenária consiste na junção da ráquis da pena danificada com uma nova pena da mesma espécie.
Cada
pena desempenha uma função importante para as aves, e por isso, este é
um trabalho delicado que envolve o corte, a medição e alinhamento das
penas, de modo a ir de encontro à anatomia natural da asa.
pena desempenha uma função importante para as aves, e por isso, este é
um trabalho delicado que envolve o corte, a medição e alinhamento das
penas, de modo a ir de encontro à anatomia natural da asa.
Para unir as duas penas, é inserido um material resistente, leve, e rígido, mas com alguma flexibilidade (como palito de bambu ou corda de guitarra), com cola em ambas as ráquis. Pode parecer um processo doloroso, mas na verdade não o é. As penas são estruturas ocas, e como referido anteriormente, constituídas por queratina.
Para este peneireiro-vulgar foi necessário o Imping de catorze penas!!
Este enxerto de penas permitiu à ave recuperar a capacidade de voo, conduzindo à sua devolução à Natureza pouco tempo depois desta intervenção.
Este foi, felizmente, mais um caso de sucesso.
Reforçamos que capturar e manter animais selvagens em cativeiro é proibido por lei!