Em 2010, o RIAS – Centro de Recuperação e Investigação de Animais Selvagens recebeu um convite para dinamizar actividades num evento que pretendia reunir centenas de pessoas na península de Sagres sob a temática da observação de aves. Embora houvesse menos de um ano desde que a gestão do centro de recuperação da Ria Formosa pertencia à associação ALDEIA, a organização do evento reconhecera desde logo o mérito do RIAS e a vantagem desta colaboração para o sucesso do evento. E o sucesso foi imenso! O Festival de Observação de Aves e Actividades de Natureza conta agora com nove edições, envolvendo inúmeras entidades, sempre com a organização partilhada entre as associações Almargem – Associação de Defesa do Património Cultural e Ambiental do Algarve e SPEA – Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves, e tendo como promotor a Câmara Municipal de Vila do Bispo.
Neste ano, os aficionados da observação de aves e de bons momentos de convívio em contacto com a natureza tiveram de reservar quatro dias da sua agenda, pois o festival iniciou em 4 de outubro e só terminou no dia 7. O RIAS animou actividades em todos os dias do festival, envolvendo dezenas de adultos e crianças de várias nacionalidades.
Para começar a manhã do primeiro dia de festival, levámos um grupo de 15 pessoas num passeio de observação de aves para que conhecessem melhor as aves da península de Sagres. Foram observadas várias espécies típicas desta região como a gralha-de-bico-vermelho, a cotovia-montesina, a cagarra, a galheta, entre tantas outras. Durante a tarde, ensinámos aos mais pequenos (e não só) que em Portugal existem duas espécies de cegonha, enquanto se divertiam a elaborar as suas próprias máscaras de cegonha. Ainda nesse dia, mas já de noite dados os requisitos da actividade, cerca de oitenta festivaleiros viram três mochos-galegos recuperados no nosso centro serem devolvidos à natureza.
O segundo dia contou com uma actividade exclusiva para adultos: um workshop de primeiros-socorros para aves. Ao longo de três horas, oito participantes bastante entusiastas atenderam aos métods adequados de captura e manuseamento de aves e, numa parte mais prática, aprenderam a fazer ligaduras e a administrar fluídos de forma a hidratar animais feridos antes do transporte para o centro de recuperação.
O terceiro dia de festival foi no sábado, um dia desde cedo mais participado, pois na repetição da saída para observação de aves foi necessário estender o número de participantes. O passeio previsto foi então efectuado com um grupo maior, de vinte pessoas, contudo as aves não se afastaram e conseguiram-se excelentes observações de algumas espécies migradoras como a cegonha-preta, o britango, águia-calçada, bútio-vespeiro, e também várias espécies de passeriformes, com destaque para o cartaxo-nortenho.
No último dia de festival, e como já é habitual, devolvemos à natureza uma ave recuperada pelo RIAS. Esta é, certamente, uma das actividades mais populares do evento e em cada ano verificamos um número maior de participantes! Desta vez estiveram reunidas mais de uma centena de pessoas que puderam ver de perto um peneireiro-vulgar e aprender sobre a sua biologia. A devolução à natureza foi realizada por membros da Associação Clube Xzen, a quem aproveitamos para agradecer os dias de voluntariado que realizaram este ano no RIAS.
Para muitos festivaleiros, estas actividades proporcionaram-lhes uma oportunidade excepcional para aprender mais sobre a biologia e ecologia das aves, enquanto nas devoluções puderam mesmo ver de perto aves de rapina que dificilmente se deixam observar. Foram momentos que certamente ficarão na memória de todos os presentes… pelo menos até à próxima edição!