Ao longo do litoral português, existem duas espécies de gaivotas grandes que são comuns durante todo o ano: a gaivota-de-patas-amarelas (Larus michahellis) e a gaivota-d’asa-escura (Larus fuscus), sendo a última mais abundante no período de Inverno. À semelhança de outras espécies de gaivotas de grande dimensão, estas gaivotas adquirem a plumagem de adulto somente após três anos de idade. Os imaturos de 1º ano são castanhos e de difícil distinção entre as duas espécies, contudo, de um modo geral, a plumagem dos imaturos de gaivota-de-patas-amarelas assume tons mais claros que aquela de gaivota-d‘asa-escura. Nos indivíduos de 2º e 3º ano é já visível a coloração do dorso, que assume tons prateados na gaivota-de-patas-amarelas enquanto na gaivota-d’asa-escura é de um cinzento-escuro. Esta é a característica que melhor permite distinguir os adultos das duas espécies, quando estes exibem a plumagem típica de gaivota com cabeça e peito brancos, patas e bico amarelos.
Gaivota-de-patas-amarelas de 3º ano em recuperação no RIAS – Centro de Recuperação e Investigação de Animais Selvagens. As abraçadeiras coloridas nas patas representam um código de identificação que permite distinguir com maior brevidade os vários indivíduos internados.
No RIAS – Centro de Recuperação e Investigação de Animais Selvagens existem sempre em recuperação indivíduos de alguma destas duas espécies de gaivota, habitualmente provenientes da costa algarvia. Por isso, está implementado desde 2011 um programa de acompanhamento de gaivotas-de-patas-amarelas e de gaivotas-d’asa-escura recuperadas no RIAS, através de anilhas coloridas com código alfanumérico. Actualmente, o número de gaivotas libertadas com esta marcação ascende a 1500, e quase diariamente são-nos enviados registos da observação de alguma destes indivíduos.
Colocação de anilha plástica colorida com código alfanumérico numa gaivota-d’asa-escura imatura de 1º ano, momentos antes da sua devolução à natureza.
Na passada quarta-feira, foram devolvidas à natureza quinze gaivotas (nove gaivotas-de-patas-amarelas e seis gaivotas-d’asa-escura), incluindo juvenis, imaturos e adultos que ingressaram no RIAS por motivo de doença ou trauma, mas também devido a acidentes com artefactos de pesca (redes, fios ou anzóis). Na sua maioria, estas gaivotas foram-nos entregues durante o último verão, porém uma das gaivotas-de-patas-amarelas encontrava-se connosco desde 11 de julho de 2017, data em que foi internada com uma fractura no metacarpo esquerdo e desprovida de várias penas primárias na asa direita. Foi necessário mais de um ano para que a fractura curasse e novas penas lhe crescessem na asa.
Várias pessoas assistiram e ajudaram na libertação em conjunto destas gaivotas, em frente ao RIAS. Veja o vídeo desta devolução à natureza!