No final de janeiro recebemos uma chamada como tantas outras. Era sobre uma águia encontrada junto ao Estádio do Algarve, e que não parecia estar bem.
Após entrar em contacto com o ICNF, a águia foi então entregue no nosso centro e o exame físico realizado. Era uma águia-d’asa-redonda (Buteo buteo) e estava bastante debilitada à primeira observação. Mas à medida que continuámos o exame, tudo se tornou mais complexo. Várias fraturas em fase de cicatrização em ambas as asas! E a suspeita de que se tratava de um caso de tiro.
Foi realizado um exame radiológico que confirmou a existência de vários projéteis de chumbo, um pouco por todo o corpo, mas por sorte, não afetando nenhum órgão vital.
Foram então tomadas medidas para imobilizar a asa esquerda, a mais preocupante, e administrada uma solução multivitamínica e fluídos sub-cutâneos.
Teve um início de “estadia” complicado. Dada a sua extrema debilidade, não se conseguia manter em pé, e foi necessário forçar a alimentação durante alguns dias. Todas as semanas, e gradualmente, foi realizada fisioterapia passiva para melhorar a mobilidade das articulações e dar-lhe maiores probabilidades de conseguir voar na perfeição.
Atualmente, já está numa instalação exterior, onde tem espaço para continuar a realizar fisioterapia, mas agora, de forma ativa, voando pelo espaço que tem disponível.