O RIAS e a ciência de seguimento de aves

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Todas as aves libertadas pelo RIAS – Centro de Recuperação e Investigação de Animais Selvagens são marcadas com anilhas metálicas fornecidas pela Central Nacional de Anilhagem (ICNF) para que, no caso destas serem recapturadas, ser obtida informação acerca do destino destes indivíduos após a recuperação. No entanto, não é raro ingressarem no RIAS aves que já se encontravam anilhadas e, nos últimos cinco anos, foram recebidas, em média, 20 aves anilhadas por ano. Através do código contido na anilha é possível conhecer informação relativa à anilhagem e, embora grande parte desses indivíduos fossem provenientes de outros locais da Península Ibérica, já nos chegaram aves anilhadas em países tão distantes como a Noruega e a Islândia!
Cada vez, são utilizados aparelhos de seguimento mais complexos para seguimento de aves e, entre os 27 animais admitidos no RIAS na semana passada, constou uma gaivota-de-patas-amarelas (Larus michahellis) que transportava um GSM data logger. Este é um aparelho eletrónico que permite a recolha de vários sinais que podem ser analisados num computador após a recolha do aparelho. O aparelho foi por isso recolhido e devolvido ao grupo de investigação em Sistemas Costeiros e Oceano do MARE – Centro de Ciências do Mar e do Ambiente, responsáveis pela sua colocação na gaivota, no verão de 2017, na ilha da Barreta.
Gaivota-de-patas-amarelas com GSM data logger acoplado ao dorso.
Mas os casos mais recentes não se encerram na última semana. Já na primeira semana de novembro, foi-nos trazido um ganso-patola (Morus bassanus) juvenil, encontrado perto de Lagoa, que transportava um GPS data logger. Este aparelho, igualmente alimentado por painéis solares, mas mais sofisticado que o anterior, emite um sinal frequente com a posição do animal que pode ser analisado praticamente em tempo real no ecrã de um computador. O aparelho instalado por elementos da British Trust for Ornithology, foi-lhes devolvido para que o possam utilizar em outros indivíduos que venham a ser estudados no âmbito do programa de seguimento de aves que esta instituição leva a cabo no Reino Unido.
GPS data logger e anilha recolhidos no ganso-patola que, infelizmente, não sobreviveu ao internamento no RIAS. 
Segundo a informação fornecida, este ganso-patola foi anilhado em 5 de outubro no ilhéu Bass Rock, na Escócia, e, apenas trinta e um dias após ter sido anilhada, foi encontrado a 2154 km deste local. Infelizmente, esta espécie apresenta uma das taxas de sucesso de recuperação mais baixas entre aquelas que ingressam no RIAS, pois tratam-se normalmente de juvenis num estado de fadiga extremo, e a ave não sobreviveu ao internamento. Permanece, contudo, o seu contributo para a ciência, na esperança que um dia sejam encontradas soluções para as ameaças que estas aves enfrentam atualmente. 

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