No passado SÁBADO LIVRE, as portas do espaço interpretativo do RIAS – Centro de Recuperação e Investigação de Animais Selvagens abriram com 10 minutos de atraso. Embora tivesse sido anunciada a libertação de um coelho-bravo (Oryctolagus cuniculus), seis gaivotas-de-patas-amarelas (Larus michahellis) e quatro gaivotas-d’asa-ecura (Larus fuscus), haviam outras nove gaivotas prontas para serem devolvidas à natureza. Para que encurtar o tempo que estes animais iriam permanecer nas caixas transportadoras até à sua libertação, a captura destes vinte animais decorreu apenas momentos antes de abrir as portas de mais um SÁBADO LIVRE… e daí o atraso!
Nunca um SÁBADO LIVRE contou com tantos animais para serem devolvidos à natureza. No entanto, este novo recorde foi acompanhado também por um recorde no número de participantes, tendo o momento da libertação sido presenciado por 28 pessoas! Alguns participantes provinham já da saída para observação de aves limícolas que o RIAS guiou, com o apoio da Câmara Municipal de Olhão, um par de horas mais cedo na Quinta Marim.
Durante a saída de observação de aves limícolas os seis participantes observaram mais de 40 espécies. |
As limícolas são um grande grupo de aves que têm adaptações especiais para se alimentarem junto de água, como pernas mais altas e bicos mais compridos para poderem capturar invertebrados que se enterram na areia ou na lama. A grande maioria das limícolas são migradores de grandes distâncias e, dadas as variações subtis de tamanho e plumagens entre espécies, a sua identificação é muitas vezes um desafio! A lista de espécies observadas durante a saída superou as quatro dezenas, sendo que nem todas foram limícolas e até foi possível observar algumas aves de rapina.
Libertação do coelho-bravo pelo seu padrinho. |
O coelho-bravo foi-nos entregue em outubro afetado por mixomatose, uma doença vírica que frequentemente conduz à morte de coelhos, mas os cuidados prestados (medicação e alimentação) permitiram a sua rápida recuperação. A sua libertação foi presenciada tanto pela pessoa que o recolheu em Portimão como pelo seu padrinho, tendo ambos contribuído diretamente para o sucesso da reabilitação deste mamífero.
Dez gaivotas-d’asa-escura e nove gaivotas-de-patas-amarelas foram libertadas em frente ao RIAS no sábado. |
As dezanove gaivotas devolvidas à natureza correspondiam a dez gaivotas-d’asa-escura e nove gaivotas-de-patas-amarelas e, na sua maioria, haviam ingressado por motivo de síndrome parético. Cada uma foi marcada com uma anilha colorida na pata esquerda, onde consta um código alfanumérico bem visível que irá contribuir para um maior conhecimento acerca do destino destas gaivotas após a devolução à natureza. Apenas necessitamos que nos cheguem registos dos códigos presentes nestas anilhas sempre que fôr observada uma gaivota anilhada. Contamos consigo para esta tarefa!